A encantadora felicidade e tão desejada presença. Mas por que será que ela vive se escondendo? Ou será que, distraídos, passamos por ela sem perceber?
Certa vez, um homem saiu cedo para trabalhar na roça. No caminho, murmurava suas queixas: a vida dura, o sol escaldante, a chuva constante, os anos que passavam sem trazer mudança. Tudo parecia sempre igual, sempre difícil.
Ao chegar à beira de um riacho, parou por um instante. Observou os peixes nadando próximos à margem. Um deles, com as nadadeiras visivelmente comprometidas, nadava com esforço, mais devagar que os outros — mas havia algo nele que chamava atenção: parecia feliz.
De repente, pequenas ondas se formaram na água, e uma voz suave emergiu delas:
— Seja feliz.
O homem, surpreso, respondeu:
— Mas... como?
— Elimine alguns dos monstros que te acompanham, e viverás bem melhor. Aqui não tem monstros. Eles estão dentro de você: a ganância, a ingratidão, o ódio, a inveja... e tantos outros que nem preciso citar. Você os alimenta. Sabe bem quem são. Mas todo mundo é assim, e parecem viver melhor do que eu. Esse é o segredo: você ainda não conhece o seu próprio mundo. Como poderia entender o dos outros?
O homem franziu a testa, olhou para o riacho e resmungou: Estou ficando louco, conversando com uma voz sem sentido. Jogou algumas pedras na água e virou as costas.
— Já vai? Sem ao menos perguntar quem sou? Não importa quem seja. Estou indo. Eu sou... a felicidade.
O homem parou. Voltou correndo, cheio de perguntas. Mas as águas estavam calmas outra vez. A voz havia partido.
Ser feliz é difícil. Muitas vezes, só percebemos o que tínhamos depois que perdemos. A encantadora felicidade, tão procurada, também pode te visitar. Mas é preciso estar disposto a recebê-la. Nem sempre ela se anuncia com alarde às vezes chega devagar, se instala em silêncio, e quando menos se espera, a vida já melhorou. Acreditar nessa possibilidade é abrir a porta para que ela entre.

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