Ontem, hoje e depois, nessa trilogia onde o tempo assume o papel principal, cabe a nós observar com atenção o breve intervalo da nossa atuação. Reconhecer que somos apenas coadjuvantes nesse extenso roteiro talvez seja a conclusão mais sensata e menos contestada. Afinal, seguimos em cena com script inalterado e sem qualquer proteção, expostos à trama como ela é. E por isso, não há espaço para comparações ou julgamentos apenas a aceitação do nosso papel passageiro, com minutagem indefinida.
É sempre bom lembrar que, na maior parte do tempo, somos ingratos e esquecidos. Reclamamos dos dias difíceis com fervor, mas quase nunca reconhecemos as inúmeras alegrias que nos foram generosamente ofertadas. Nesta imensa roda-gigante chamada tempo, a euforia da ascensão e o receio da queda compõem o delicado equilíbrio que sustenta nossa existência. Viver, afinal, é aceitar esse movimento constante entre o alto e o baixo, entre o medo e o encanto.
Aprender a dosar as lágrimas e permitir que elas caiam no instante certo é também aprender a celebrar a alegria com a mesma consciência de que tudo é passageiro. Essa sábia estratégia nos convida a viver com mais esperança, pois se nada dura para sempre, o sofrimento compartilha o mesmo espaço da felicidade, ambos transitam por nós em tempos distintos, já marcados e inevitáveis.
Se o ontem já nos trouxe incertezas sobre o amanhã, recheado de desafios e sonhos, por que então temer ou ignorar os obstáculos que surgem no presente? Viver plenamente cada instante é mais do que uma escolha: é uma definição de lucidez e simplicidade. Afinal, a vida se revela no agora, e encará-la com coragem é o caminho mais honesto para honrar tudo o que fomos, somos e ainda seremos.
O hoje pode se apresentar sereno ou turbulento. Em certos momentos, o medo nos visita, seguido pelas condenações que impomos a nós mesmos por decisões passadas. Há também a dor de viver aquilo que jamais imaginamos, situações que escaparam dos nossos planos. Mas... que planos? Já falamos sobre isso: somos personagens de um roteiro com final escrito, alheio às nossas vontades. Um enredo predeterminado, imutável, onde o controle é apenas uma ilusão que nos conforta.
Quanto ao amanhã, confie ao tempo. Viva o hoje com presença e coragem. Resgate do passado aquilo que já te fez bem, e tente aplicar com sabedoria, sabendo que, com o passar dos anos, nem tudo que funcionou antes se encaixa no agora. E mesmo que o presente traga seus desafios, não se esqueça de cantar, sorrir e entregar ao tempo o cuidado com o que ainda está por vir. Porque viver é isso: um ato de fé entre o que já foi, o que é, e o que será.
"O conhecimento é um farol na escuridão"
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