A fada do arco-íris percorre o mundo diariamente. Em alguns momentos, se encanta com a alegria que floresce nos corações; em outros, se entristece com as dores que silenciosamente habitam os olhos de quem sofre.
Certa vez, uma jovem caminhava pela floresta. Ao chegar diante de uma cascata, parou. Observou a água cristalina despencar livremente entre as pedras e pensou: Que privilégio tem essa nascente… escondida na mata, livre de julgamentos, de amarras, de expectativas.
Suspirou. E eu, que tanto busco a felicidade nos olhos da minha alma gêmea, acabo sempre mergulhando fundo em corações rasos. Sorriu com melancolia e murmurou: Fada madrinha… será que você me esqueceu?
Ergueu o olhar para o alto, entrelaçando esperança com saudade. Lá, entre as copas das árvores, um arco-íris tímido despontava ao longe como um sussurro de resposta. Ela pensou; Certa vez, meu pai me disse que, ao passar sob um arco-íris, se fizermos um pedido com o coração aberto, ele será atendido. Hoje, ao ver aquele arco de cores tão distante no céu, pensei: Não preciso estar debaixo dele… posso pedir daqui mesmo. E assim, com a alma jovem e esperançosa, fiz um pedido silencioso, daqueles que só o coração sabe pronunciar.
De repente, em um galho próximo, pousou uma borboleta. A jovem a observou com atenção, os olhos fixos na delicadeza de suas asas coloridas. Será você? sussurrou, como quem fala com o mistério.
A borboleta brilhou por um instante e, envolta em luz, transformou-se diante dela. Uma fada surgiu, radiante, com vestes que refletiam todas as cores do arco-íris. Sim disse com voz suave. Sou a fada do arco-íris. Ouvi o seu pedido… mas antes de atendê-lo, quis vê-la com meus próprios olhos e conversar um pouco com você.
— Venha comigo disse a fada, estendendo a mão com delicadeza. Vamos voar para dentro do arco-íris. Há algo que preciso lhe mostrar. Não tenha medo.
A jovem segurou sua mão com firmeza e respondeu com serenidade: Não tenho medo. Meu pai me ensinou a acreditar no invisível… e sempre me encorajou a ser forte. E assim, envoltas em luz e esperança, elas se elevaram rumo às cores do céu.
Dentro do arco-íris, a fada conduziu a jovem a uma visão mágica. Veja disse ela, as diferenças que moldam sua jornada.
De um lado, surgiu um cenário luminoso: uma floresta viva, onde regatos cantavam entre pedras, pássaros voavam em liberdade e árvores frondosas se erguiam em harmonia. Bem próximo, um chalé acolhedor abrigava pessoas que a amavam de verdade, irradiando calor e sinceridade.
Do outro lado, porém, estendia-se um espaço sombrio: figuras de corações rasos caminhavam sobre pedras escorregadias, ladeadas por carcaças de animais, árvores mortas e espinhos cobertos de silêncio. Um mundo árido, marcado pela ausência de luz e pela dureza da indiferença.
— Essas pessoas retornaram à Terra em busca de aperfeiçoamento espiritual. Ainda não conseguem reconhecer a luz; para elas, mentir e enganar é tudo o que sabem. Mas voltarão tantas vezes quantas forem necessárias, e nós continuaremos a iluminá-las.
— Sabe por quê? disse a fada com ternura. Porque um dia você afirmou: “Eu já perdoei a todos.” E isso, minha querida, é luz.
Quando você voar, será tão alto que poderá enxergar aqueles que caminham sobre pedras escuras… e então guiá-los até lugares seguros, onde a esperança floresce. Agora voltaremos para a floresta disse a fada com ternura. Caminhe sorrindo até o chalé, onde aqueles que verdadeiramente a amam já a esperam. Um dia, virei buscá-la para uma jornada mais longa e duradoura. Mas lembre-se: o amor verdadeiro sempre encontrará você, em qualquer dimensão onde sua alma repousar.
"O conhecimento é um farol na escuridão"

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