Coisas do destino, até que ponto podemos ou devemos tentar alterar aquilo que se apresenta em nossas vidas? Quando criança, ouvi uma história sobre a filha de um rei. Ao nascer sua primogênita, o monarca chamou uma vidente para revelar o destino da princesa. A previsão foi aterrorizante: ela morreria ao ser mordida por uma cobra.
Determinado a impedir que a profecia se cumprisse, o rei tomou todas as precauções possíveis. Criou uma guarda real para vigiar constantemente o quarto da filha, garantindo que ninguém se aproximasse dela. Além disso, ordenou a um artista que pintasse na parede uma enorme serpente, como símbolo de alerta e vigilância.
Com o passar dos anos, a princesa cresceu e acabou descobrindo a história de seu destino. Intrigada pela imagem da cobra, desenvolveu o hábito de passar o polegar diariamente sobre as presas da pintura. Esse gesto repetido feriu seu dedo, e a pequena lesão evoluiu para uma infecção. Meses depois, a princesa faleceu não pela mordida de uma cobra real, mas pela consequência indireta de tentar escapar do próprio destino.
Quantas vezes nos deixamos enganar pela ilusão de que temos poderes para driblar o destino? Na verdade, somos capazes, sim, de aprender com ele e até suavizar certos momentos indesejáveis. Há também aqueles que acreditam ser os únicos arquitetos de sua própria trajetória. Porém, quando as surpresas da vida surgem, rapidamente culpam o universo e esquecem de reconhecer suas próprias escolhas e responsabilidades.
Talvez, se o desenho da serpente nunca tivesse existido, o desfecho fosse diferente. A mordida poderia não passar de uma parábola, um aviso simbólico, e não uma tragédia inevitável. É importante lembrar que todos somos vulneráveis, e não existe blindagem absoluta para ninguém. Refletir antes de emitir críticas ou comentários sobre os outros é uma atitude de sabedoria. Buscar proteção e discernimento permanece sendo um verdadeiro escudo espiritual.
As palavras, por sua vez, são como lâminas: cortam de forma silenciosa e profunda. Por isso, falar sem pensar pode equivaler a assinar uma sentença antecipada contra si mesmo. Entre as lições que o destino nos oferece, uma é decisiva: nada é para sempre. Essa consciência pode nos fortalecer de maneira extraordinária, pois, num simples instante, tudo pode se transformar. Se o universo se mostrar favorável, as mudanças podem acontecer muito antes do que imaginamos.
Não se prenda à ideia de culpas elas não acrescentam nada. O caminho mais sábio é cultivar resiliência e realizar os ajustes que a própria vida exige. Esse exercício de reparo e adaptação é um atalho eficiente e, acima de tudo, necessário para seguir em frente.
Está chegando um novo ano, e que ele seja repleto de realizações, com a vida favorecendo nossos caminhos. No entanto, pouco adianta recorrer a símbolos como galho de arruda, pé de coelho, ferradura ou escolher cores específicas de roupas, se as verdadeiras mudanças não acontecerem dentro de nós.
Que sejamos fortes, esperançosos e atuantes, para que nossas prioridades se tornem realidade. Que cultivemos respeito e consciência, vivendo com amor e plenitude. O destino, esse, sempre se encarrega do restante.
"O conhecimento é um farol na escuridão"

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