26 de out. de 2025
Contos e Encantos: Empatia e Rejeição
Empatia e Rejeição
Empatia e Rejeição, gêmeas nascidas em um vilarejo modesto onde a vida pulsava na interdependência, receberam seus nomes antes mesmo de aprenderem a falar. Desde o berço, já revelavam contrastes: Empatia sorria com facilidade, enquanto Rejeição, arredia, aceitava apenas o seio esquerdo da mãe o direito, jamais. Chorava, fazia caretas, se debatia com veemência, rejeitando-o a ponto de nem lançar um olhar.
Com o passar dos anos, chegaram à escola. E como era de se esperar, os traços se mantiveram: Empatia colecionava amizades com naturalidade; Rejeição, sempre alerta, mantinha distância. Num passeio escolar à floresta, onde havia uma pequena cabana, o contraste se fez ainda mais evidente. Rejeição recusava-se a entrar, desconfiada e retraída, enquanto Empatia aguardava com brilho nos olhos a sua vez de explorar o lugar.
Contudo, a visita à cabana valia pontos preciosos para a nota final, e Rejeição, contrariada, entrou apenas para cumprir o protocolo. No interior simples, uma parede exibia um quadro de moldura rústica feita de barro. Acima dele, uma inscrição chamava atenção: Toque no quadro. Curiosa, embora desconfiada, Rejeição estendeu a mão. Assim que seus dedos tocaram a superfície, surgiu a imagem de um gato encantador. Ela franziu o rosto e murmurou com desdém: “Odeio gatos.” No mesmo instante, como se o quadro tivesse vida própria, foi sugada para dentro da imagem.
Quando abriu os olhos, estava em uma sala cercada por cães de todas as raças grandes, pequenos, peludos, esbeltos e a maioria exibia os dentes brancos em sorrisos que mais pareciam rosnados. Então, uma voz suave ecoou no ar, como se viesse de dentro da própria sala: Aquele por quem você nutre tanto afeto... parece não acolher você da mesma forma.
Os cães, antes imponentes e silenciosos, se retiraram como se obedecessem a um comando invisível. Logo em seguida, uma multidão de gatos entrou no ambiente. Felinos de todos os tipos olhos brilhantes, passos leves, caudas felpudas se aproximaram de Rejeição, roçando delicadamente suas pernas, como se quisessem dizer: aqui, você é aceita. A voz voltou a ecoar, envolta em bruma e sabedoria: A vida e seus segredos, minha jovem, a vida é feita de segredos que só se revelam a quem ousa sentir.
Rejeição foi devolvida ao pátio da cabana, como quem desperta de um sonho estranho. Em seguida, Empatia cruzou a porta com passos leves e olhos curiosos. Ao se deparar com o quadro de moldura de barro, sorriu e disse com ternura: Vou tocar em você, e desejo que me leve a um lugar especial.
E assim foi. Num piscar de olhos, Empatia foi conduzida à Sala dos Sentimentos, um espaço etéreo onde nem mesmo os mais sábios ousavam decifrar os mistérios que ali habitavam. Era o lugar onde o amor e o ódio caminhavam lado a lado, como irmãos que se entendem sem palavras. Ali, não havia explicação para o ódio dirigido a quem jamais feriu, nem lógica que justificasse o desprezo sem causa.
Naquele ambiente, uma verdade pairava no ar como perfume sutil: o amar é um princípio essencial da vida e compreender isso é um passo para entender a si mesmo..
"O conhecimento é um farol na escuridão"
23 de out. de 2025
Contos e Encantos: Os Fantasmas do Passado
Os Fantasmas do Passado
Os fantasmas do passado seguem vivos e influentes em nossas jornadas. Como um GPS preciso e sofisticado, eles jamais erram o destino, e encurtam o trajeto entre nós e o que chamamos de sentido da vida. Têm tamanha força que permanecem ocultas por longos períodos, disfarçados na rotina. Mas quando emergem, tomam as rédeas com autoridade: conhecem nossas vulnerabilidades, sabem exatamente quando estamos frágeis. E nesse momento, nos roubam a essência, deixando apenas uma aparência um reflexo distorcido, que torna tudo ainda mais nebuloso.
No entanto, é fundamental perceber com lucidez as transformações em nosso comportamento, evitando cair em uma dependência absoluta. Não se trata de traçar planos rígidos para o futuro, mas sim, de cultivar a sensibilidade necessária para reconhecer e acolher os sinais que a mente e o corpo constantemente emitem verdadeiros alertas que pedem atenção, cuidado e, muitas vezes, ajuda.
Na juventude, confiamos cegamente em nossa força, acreditando ter energia suficiente para esmagar qualquer obstáculo. É aí que reside o perigo. Os fantasmas do passado são pacientes e conhecem bem as falhas humanas. Recolhem-se em silêncio, aguardando o momento em que estamos sem tempo, sem vigor, e sem reação. E quando retornam, vêm em enxames, alguns tão antigos quanto familiares, outros tão inesperados que parecem novos. Mas estamos frágeis, e lutamos como podemos de um jeito estranho, incompreensível para quem conhecia nosso modo habitual de ser.
O ideal é enfrentar os fantasmas do passado, vencê-los, ou deixá-los para trás de uma vez por todas. Fingir felicidade apenas para disfarçar a fragilidade é, na verdade, uma das maiores fraquezas, e pode nos despedaçar quando menos esperarmos. Precisamos lutar, erguer a voz, buscar alianças que nos fortaleçam. Conviver com o inimigo interno é uma das atitudes mais absurdas que podemos tomar.
O tempo de viver para agradar já passou. É hora de pensar em nós mesmos, de ter coragem para defender nossas prioridades. E quando a velhice chegar, que ao menos esse gesto o de termos vivido com autenticidade e sem submissões extremas nos sirva de consolo e orgulho.
A verdade é que esses fantasmas do passado nos rastreiam com assustadora precisão, como se tivessem lançado um satélite em órbita e implantado um chip de localização em cada um de nós. Eles nunca erram o caminho, e o mais inquietante: envolvem também quem está ao nosso redor, como se operassem numa rede invisível e compartilhada.
Diante dessa realidade, é impossível ignorar que muitos comportamentos estranhos podem ser manifestações dessas forças ocultas, verdadeiros vampiros do tempo que drenam nossa energia e distorcem nossa percepção. Por isso, além de estender a mão ao outro, é essencial manter o alerta aceso sobre nossa própria vida, reconhecendo os sinais e protegendo o que ainda pulsa com autenticidade dentro de nós.
11 de out. de 2025
Contos e Encantos: Meu Amigo Ben: Um Presente do Universo
Meu Amigo Ben: Um Presente do Universo
Em 2017, o universo me desafiou a me reinventar para continuar vivendo. Março levou minha filha para as estrelas, e em setembro, como um raio de esperança, nasceu meu primeiro neto. Entre lágrimas e sorrisos, sigo trilhando minha trajetória incerta, guiado por afetos e memórias.
Benjamim Bezerra Braz, o Ben, como é carinhosamente chamado, hoje é daqueles amigos raros, presentes em todas as horas. Inteligente, comunicativo, humano e autêntico, ele se destaca como um sopro de sensibilidade em uma geração quase automatizada. Filho de pais educadores e modernos, carrega em si a promessa de formar um ser humano íntegro, atento e diferente dos descasos que infelizmente ainda vemos em tantas histórias. Ben é luz, é ponte, é afeto em movimento.
Ben é criança; e como toda criança, precisa viver intensamente sua infância, para que um dia possa recordar com alegria os dias mágicos da meninice. Na minha época, os brinquedos eram simples, mas cheios de encanto: carrinhos de lata, petecas, bolas de meia… A imaginação fazia o resto. Curiosamente, foi só depois de adulto que aprendi a gostar dos desenhos animados: Careta e Mutreta, Pica-Pau, Tom & Jerry, Caverna do Dragão… e tantos outros que ainda me fazem sorrir.
Meu amigo Ben tem gostos mais modernos e refinados. Encanta-se com Patrulha Canina, Peppa Pig, Masha e o Urso, Godzilla, é apaixonado por dinossauros e vive aventuras em "99 Noites na Floresta", no universo do Roblox. Sem faltar o o ouriço mais famoso do mundo(Sonic).
Mas a diversão não para por aí. Temos nossa própria "sessão da tarde", recheada de histórias malucas que o vovô inventa na hora de dormir, cada uma mais engraçada que a outra. E claro, não pode faltar a famosa sessão de cócegas, que batizamos carinhosamente de fuzilança. Entre uma gargalhada e outra, aproveito para semear pequenas lições de vida, porque brincar também é ensinar e amar.
Alguns momentos se eternizaram em mim — como o primeiro conto que inventei para acalmar seu choro: O Lobo da Canela Seca. Depois veio a canção do Castelo das Borboletas Encantadas, que ainda ecoa em nossas memórias. Tomar banho de chuva no quintal da Biza, sua avó materna, estourar bolhas nas marolas da Praia da Baleia, em Itapipoca, nossos passeios a tarde para visitar a canoa e o sapo no açude poço verde, são tantas lembranças que eu levaria uma vida inteira para contar.
Mas há algo que não cabe em palavras: o amor que sinto por você. Impossível medir, impossível conter. Você me faz bem de um jeito que só os grandes afetos sabem fazer. Na vida, precisamos de amigos e eu tive, tenho, sou grato. Sou uma pessoa de sorte.
Ben, que o universo seja sempre seu aliado, que o amor nunca te falte, e que você nunca deixe de amar. Eu? Me divido entre o céu e a terra, entre o que fui e o que sou, e agradeço profundamente por ter sido escolhido para ser seu amigo aqui, agora, e muito além daqui.
Amo você, meu pequeno e imenso amigo. 💙
"O conhecimento é um farol na escuridão"
9 de out. de 2025
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